Saúde Mental na APS

Implementação do acolhimento com classificação de risco na Estratégia de Saúde da Família

LAGARTO/SE - José Bispo de Souza

O acolhimento na Estratégia de Saúde da Família (ESF) é o ato de receber e escutar as pessoas que deve ser praticado por todos os profissionais que trabalham em uma Unidade de Saúde da Família (USF). Já a classificação de risco é responsável por identificar o grau da necessidade que o usuário precisa naquele momento e determinar até quanto tempo deve realizado, este privativo do profissional Enfermeiro. Para que esta prática fosse realizada de forma adequada, foi necessário embasamento científico e estudos quanto a Política Nacional de Humanização e Caderno de Acolhimento as Demandas Espontâneas, assim como conhecer o território por completo, quais as populações alvo e de maior vulnerabilidade social, ademais os fluxos precisavam estar bem definidos, fixados e todos os profissionais da USF capacitados para atuar nesse processo, bem como os usuários devem ser orientados e esclarecidos do funcionamento da unidade e fluxo, estando cientes que este atendimento funciona de acordo com a estratificação de risco e necessidade e não apenas de acordo com critério cronológico e prioritário.
Para isso, foi necessário conhecermos toda a área de abrangência, locais de maior vulnerabilidade social e especificidades de cada micro área de abrangência, posteriormente realizamos uma alteração no cronograma, deixando um horário exclusivo para classificação de risco e atendimento às demandas espontâneas. Em meio as oficinas realizamos alguns momentos de dispersão e atividade que funcionaram como educação permanente neste tema, todos os funcionários foram esclarecidos quanto ao fluxo e teorias de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde e PlanificaSUS, e qual o papel de cada um dentro do processo, principalmente dos agentes comunitários de saúde, que são multiplicadores para a comunidade e responsáveis por construir o elo com a população. Foi aplicado um quiz com todos em uma das oficinas e fizemos encenações onde os profissionais puderam trocar de papéis e atuar no acolhimento e classificação de risco em diferentes casos.
Alcançamos portanto, que todos os atores responsáveis pelo funcionamento da USF entendessem a importância do acolhimento e escuta efetiva dos usuários para trabalhar dessa forma no dia a dia. Com isso, garantimos que todos os pacientes que chegam a unidade sejam acolhidos, orientados corretamente e quando necessário encaminhados para a classificação de risco, assim conseguimos resolver os casos agudos e pontuais rapidamente, com redução no tempo de espera e espaço na agenda para conduzir adequadamente os casos crônicos, complexos e atendimentos que precisam de continuidade como puericultura, pré-natal, pessoas com hipertensão, diabetes e problemas de saúde mental, entre outros.
Os maiores desafios são a resistência de alguns usuários ao protagonismo da enfermagem no processo por estarem habituados com o modelo centrado apenas no médico, como também a aceitação de um modelo que não se baseia exclusivamente na ordem de chegada.

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