Comunidade de Práticas

Território, Cuidado e Identidade: A Planificação da Saúde na Aldeia Jaraguá

POLO RIO TINTO/PB - Aldeia Jaraguá

No coração da 14ª Região de Saúde da Paraíba, a Aldeia Jaraguá, pertencente ao Polo Base de Rio Tinto, viveu um daqueles momentos que marcam a história de um povo. Em uma manhã de trabalho coletivo, a Equipe Multiprofissional de Saúde Indígena (EMSI) e o Núcleo de Apoio à Saúde Indígena (NASI) reuniram-se para um exercício que, à primeira vista, parecia simples: desenhar o mapa do território. Mas o que se revelou foi muito mais do que linhas em um papel foi o traçado da própria alma da aldeia.

A atividade faz parte do ciclo de Planificação da Atenção à Saúde, conduzido dentro da estratégia do PlanificaSUS, e teve como foco o eixo da gestão de base populacional e territorialização. Sob o olhar atento dos profissionais e suas participações no processo, o território está sendo redesenhado com cores, memórias e significados. Cada casa marcada no mapa representava uma história, uma família, uma vida a ser cuidada. Cada subpopulação identificada revelava as nuances de um povo que, ao mesmo tempo que preserva suas raízes, caminha firme na busca por um cuidado integral, humanizado e culturalmente sensível.

Entre conversas, sorrisos e olhares atentos, a equipe percebeu que o ato de territorializar não é apenas dividir espaços, mas reconhecer pessoas. É compreender onde mora o ancião que guarda os saberes tradicionais, onde vive a jovem gestante que precisa de acompanhamento constante, onde as crianças brincam e aprendem a língua de seus ancestrais. Foi um mergulho profundo na realidade viva da aldeia uma verdadeira cartografia da vida e do cuidado.

A Planificação trouxe à equipe a oportunidade de repensar o modo de fazer saúde indígena, reafirmando que cada território é único, com dinâmicas, desafios e potências próprias. Na aldeia Jaraguá, o processo fortaleceu o vínculo entre os profissionais da EMSI e do NASI, unindo ciência e tradição, técnica e afeto. Essa integração reforça um dos pilares da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI): o respeito às especificidades socioculturais e à autonomia de cada povo.

Ao final, quando o mapa for concluído não será apenas um produto técnico, mas um símbolo de pertencimento e compromisso. Ele expressa o cuidado compartilhado e a corresponsabilidade entre profissionais e comunidade na construção de um sistema de saúde mais próximo, mais humano e mais eficaz.

Na Aldeia Jaraguá, a planificação se transformou em um retrato vivo de um território que pulsa, sonha e luta. E entre os caminhos desenhados naquele papel, o que se projetou, acima de tudo, foi a certeza de que planejar é também amar o território que se cuida.

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DSEI POTIGUARA