DIAMANTINA/MG - CEAE Diamantina
“Se a glicose tá alta, eu tomo chá de folha de insulina que ela abaixa” já dizia o senhor Raimundo, 70 anos, diabético, acompanhado pelo CEAE de Diamantina, atualmente gerido pelo Consórcio Intermunicipal de Saúde do Alto Jequitinhonha (CISAJE). Assim como tantos outros usuários do CEAE, o senhor Raimundo reside em um dos municípios da área de abrangência do serviço, na região do Alto Jequitinhonha, interior de Minas Gerais.
O senhor Raimundo é acompanhado continuamente pelo CEAE, na linha de cuidado de HAS/DM/DRC. Em certa consulta, o usuário relatou que costumava deixar de tomar a medicação prescrita para o tratamento do diabetes mellitus e, em substituição, consumia plantas medicinais em forma de chás para o controle da doença.
Diante da fala de Raimundo, a equipe multiprofissional do CEAE passou a observar, com mais atenção, o consumo de plantas medicinais pelos usuários atendidos. Identificou que parte significativa fazia uso das plantas medicinais, de forma contínua, associado ou em substituição aos medicamentos, o que poderia impactar direta ou indiretamente no tratamento e no controle das doenças crônicas.
Considerando essa realidade, a equipe do CEAE percebeu a necessidade de compreender o conhecimento popular dos usuários acerca do uso das plantas medicinais e dos possíveis impactos na condição clínica, bem como a necessidade de desenvolver estratégias para integrar saberes populares e saberes científicos, buscando, assim, respeitar os fatores socioeconômicos e culturais dos usuários e garantir o uso racional das plantas medicinais.
Nesse sentido, a equipe do CEAE criou o “Programa Farmácia Verde”, que acontece por meio de atividades educativas em grupo realizadas no próprio serviço. Esse Programa incluiu também a manutenção de uma horta vertical com plantas medicinais trazidas pelos próprios usuários, conforme seu costume de utilização.
A ideia de ter uma horta no CEAE surgiu como forma de estimular e envolver os usuários, por meio da colaboração coletiva na construção da horta, o que tem possibilitado a criação de um acervo de plantas medicinais predominantes na região e, sobretudo, de uso comum da população hipertensa e diabética usuária do serviço, sendo identificadas com o seu nome popular e a sua indicação científica, favorecendo a observação e a orientação correta ao usuário.
O desenvolvimento do Programa Farmácia Verde no CEAE trouxe uma mudança de paradigma entre os profissionais da equipe, porque revelou a necessidade de redimensionar as práticas e as relações com os usuários. Oportunizou a construção de um novo conceito de saúde, que passou a considerar uma visão holística acerca do usuário, contemplando os seus aspectos físicos, psicológicos, sociais e culturais, todos interdependentes, e as suas interações com o mundo.
Autores do texto: Giovana Cândida Batista, Juliana Reis Rabelo e Santos e Sonuellany Sena de Aguilar.
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